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Trolley, de alças ou a tiracolo? Como escolher a mochila ideal

1 Set 2023 - 10:35

Trolley, de alças ou a tiracolo? Como escolher a mochila ideal

O início de setembro é altura de ver quantos lápis, canetas e cadernos sobraram do ano anterior e perceber o que falta comprar para o regresso às aulas. A mochila é uma das escolhas mais importantes, porque vai acompanhar os estudantes durante todo o ano e carregar o peso do material escolar.

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Mas qual será a melhor opção para as costas dos alunos? Devo comprar uma trolley (também conhecida como mochila de rodinhas) ou optar pela mala a tiracolo? Será que a clássica mochila de alças é a melhor opção?

Em declarações ao Viral, Rui Duarte, ortopedista, diretor do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar Médio Ave, professor e investigador na Universidade do Minho, e coordenador do projeto “Olhe pelas Suas Costas”, explica como escolher a mochila adequada para cada criança.

Há um tipo de mochila ideal?

Rui Duarte começa por adiantar que “há cada vez mais crianças com queixas de dores de costas”. Apesar de reconhecer que “as causas não parecem ser isoladas”, o especialista considera que o uso da “mochila poderá ser um dos fatores” a contribuir para estas queixas.

Por esse motivo, na visão de Rui Duarte, “convém conhecer alguns princípios que nos poderão ajudar a selecionar o melhor produto na altura de comprarmos para os nossos filhos”.

Em primeiro lugar, Rui Duarte desaconselha o uso de malas a tiracolo para a escola. “São usadas, muitas vezes, para transportar pequenos objetos, mas não são adequadas para transportar material escolar”. Usá-las teria os mesmos efeitos na alteração da postura e nas dores no tronco que usar uma mochila num só ombro.

Por outro lado, a escolha ideal seria a trolley, “porque as crianças deixam de transportar às costas todo aquele peso”, defende. O ortopedista reconhece, contudo, que, “muitas vezes, é difícil convencer as crianças a usar este tipo de mochilas”.

“Quando são crianças mais pequenas é mais fácil, em adolescentes será seguramente mais difícil”, acrescenta. 

Para mais, usar este tipo de mochilas “não é assim tão prático”, frisa. “As crianças querem dar uma corrida ou deslocar-se mais rápido” e não conseguem fazê-lo tão bem quanto com uma mochila de alças.

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A mochila às costas é o tipo mais usado. No entanto, explica o médico, como as mochilas com alças estão apoiadas nas costas, devem ser compradas tendo em conta algumas características e alguns fatores relacionados com a criança que a vai usar.

Quais os fatores importantes a ter em conta na compra e no uso de uma mochila?

Tamanho

Segundo Rui Duarte, a mochila escolar mais do que adequada à idade deve ser “do tamanho das costas da criança”. É comum comprar-se mochilas demasiado grandes, mas fazer isso pode dificultar a adaptação da criança à mala, em específico na “região lombar”. 

Além disso, tendo em conta que o tecido da mochila pode ceder com o peso dos livros e dos materiais escolares, é importante que, quando esta estiver cheia e colocada nas costas, “não ultrapasse cinco centímetros abaixo da cintura”. 

Alças e pegas

É aconselhado que as alças da mochila “sejam largas, acolchoadas e ajustáveis nos ombros”. O médico salienta ainda a importância de “incentivar as crianças a não andarem sempre com a mochila num único ombro”, pois o ideal é que tenham as duas alças ajustadas.

O especialista sugere que pode ser boa ideia escolher uma mochila com “alças de apoio na cintura” que prendem à frente, de forma a ajustar melhor a mala no fundo das costas. 

No caso das trolleys, avisa, “é preciso ter atenção à altura da pega”. Segundo Rui Duarte, “a pega deve ficar numa altura em que a criança não fique curvada enquanto puxa a mochila”. 

Compartimentos

“Outro aspeto também importante no design da mochila é que tenha diferentes compartimentos”, adianta. Porquê? Porque isto permite que haja uma melhor “distribuição do peso dentro da própria mochila”.

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Para isso, “os objetos mais pesados devem ficar mais próximos da região lombar das costas”. Por exemplo, continua, “um adolescente que anda com um computador, deve arrumá-lo de forma que seja o objeto mais próximo das suas costas”.

Peso 

Como explica Rui Duarte, “as sociedades científicas internacionais são muito claras ao recomendar que o peso de uma mochila não deve ultrapassar os 10 a 15% do peso corporal da criança”. 

Isto é, “uma criança com mais ou menos 30kg, não deve carregar uma mochila com mais de 3 kg”, clarifica.

Por isso, sugere, “é muito útil os pais pesarem a mochila antes de as crianças irem para a escola”. 

Isto permite, por um lado, controlar o peso da mochila e, por outro, selecionar “muito bem a quantidade de material que vem na própria mochila”.

Quando é possível, “algum do material pode ficar na escola, nos cacifos, de forma a não serem transportados todos os dias”. 

Quais as consequências do mau uso das mochilas escolares?

Como se explica num texto informativo publicado no site do balcão Serviço Nacional de Saúde (SNS 24), “as principais consequências” do uso incorreto das mochilas, nomeadamente o excesso de peso carregado, são: “dores de costas e de pescoço” (a curto prazo); “alteração da marcha e postura” (a médio prazo); e “lesões degenerativas da coluna que alteram o crescimento do corpo” (a longo prazo).

Portanto, quando se carrega uma mochila com excesso de peso, “começamos a ficar um pouco mais inclinados para a frente para suportar aquele peso”, destaca Rui Duarte. Esta é, segundo o médico, “uma postura de defesa e de resposta àquele excesso de carga que temos sobre as costas”. 

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Por consequência, “os nossos olhos passam a olhar para o chão e temos uma tendência de levantar o pescoço, para olharmos em frente, para conseguirmos caminhar”, o que pode provocar “dores no pescoço”.

Isto, “provavelmente, não vai condicionar nenhum problema grave” em pessoas que praticam exercício físico com regularidade. No entanto, “se formos mais descondicionados, acabamos por, de forma progressiva, começar a ter alterações que vão ficar para a idade adulta”, aponta Rui Duarte.

O médico acrescenta que o sedentarismo, o excesso de peso e a pouca prática de atividade física levam “a maior queixas na lombar e contraturas dos músculos paravertebrais”. 

Isto acontece porque “os músculos ficam mais frágeis por não estarem tão condicionados” e nesse contexto, “qualquer carga extra acaba por desencadear dor”.

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Ortopedia

1 Set 2023 - 10:35

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